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Atraso na Linguagem e na Fala

A avaliação Fonoaudiológica na primeira infância é imprescindível e o processo Terapêutico pode acontecer EM QUALQUER MOMENTO DA VIDA DA CRIANÇA.

 

Atenção pais, educadores e pediatras: É um equívoco afirmar que é necessário esperar a criança falar para iniciar a terapia Fonoaudiológica.

 

A Fonoaudiologia atua baseada em evidências científicas sobre o processo de aquisição simbólica da Linguagem, no processo de atividade mental representativa. Essa atuação é que levará a criança com atraso de Linguagem a produzir a fala, adquirindo sistematicamente e hierarquicamente os fonemas, as palavras, frases e assim por diante.

“A intervenção com bebês e crianças pequenas se dá por meio de atividades próprias da primeira infância, como o brincar e os cuidados dos dia-a-dia. Desse modo, o conhecimento clínico é colocado a serviço de situações espontâneas da vida, e NÃO submete pais e bebê a técnicas pré-configuradas de estimulação que desconfiguram as condições de instauração do sujeito psíquico na infância e no estabelecimento das funções materna e paterna.” JERUSALINSKY, 2002

Distúrbio Fonético e/ou Fonológico

O português do Brasil possui 19 fonemas consonantais, além das vogais e semi-vogais. Combinar esses sons para formar palavras depende tanto da integridade dos órgãos fonoarticulatórios como também das vias auditivas e organização mental das informações.

 

Para aprender, combinar e produzir os sons da Língua a criança passa por etapas de aquisição fonêmica e fonológica. Há uma ordem natural para aquisição dos fonemas e depois de adquirido o som passa a ser “testado” pela criança nas diferentes posições que pode ocorrer dentro de uma palavra.  Esse fato é descrito na literatura científica como Processo Fonológico.

 

O Fonoaudiólogo é o profissional capacitado para avaliar, descrever a fala da criança e assim afirmar se as trocas são naturais para a idade ou se existem desvios ou condições patológicas na fala.

Distúrbio da Fluência (Gagueira)

De acordo com a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). “A fluência é um aspecto da produção da fala que se refere à continuidade, suavidade, velocidade e/ou esforço com as quais as unidades fonológicas, lexicais, morfológicas e/ou sintáticas de linguagem são expressas.”

 

Na disfluência, ou gagueira “a fala contém repetições de palavras monossilábicas, de sílabas, de sons, prolongamentos ou bloqueios que podem ou não ser acompanhados de concomitantes físicos (movimentos corporais).” ANDRADE, 2013

 

O diagnóstico é realizado por meio de testes padronizados. É avaliada a porcentagem de disfluências gagas e a velocidade de fala.

 

A terapia busca reduzir a quantidade de disfluências gagas, e assim aumentar o fluxo de sílabas e palavras fluentes.

Distúrbios da Aprendizagem

De acordo como National Joint Comitee of Learning Disabilities (1980), Distúrbio de Aprendizagem: É um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifesta por dificuldades significativas na aquisição e uso das habilidades para ouvir, falar, ler, escrever e realizar cálculos matemáticos. (ZORZI, 2004)

 

Os Distúrbios são classificados para Diagnóstico de acordo com a Associação Norte-americana de Psiquiatria, por meio do Manual Estatístico e Diagnóstico dos Transtornos mentais (DSM-IV), que define como portador de Transtorno de Aprendizagem quando os “resultados de testes padronizados e individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão estão substancialmente abaixo do esperado para idade, escolarização e nível de inteligência.”

 

Os transtornos são classificados de acordo com o domínio comprometido:

 

  • Transtornos específicos de Leitura (ou Dislexia do Desenvolvimento);

  • Transtornos de expressão escrita (disgrafia e disortografia);

  • Transtorno da matemática (discalculia do desenvolvimento);

 

Fonte: UFMG; LETRA – Laboratório de Estudos dos Transtornos de Aprendizagem (2011)

Afasias

Danos no sistema nervoso central, como, por exemplo: acidente vascular encefálico; traumatismo craniano, desordens metabólicas ou virais, podem levar a perda das funções linguísticas em vários níveis e aspectos, podendo acarretar nas afasias. Estas são entendidas em sentido amplo na literatura como “perda ou deficiência da linguagem provocada por dano cerebral” (MURDOCH, 1997)

 

Já é comprovada na literatura, por meio do trabalho de metanálise de Robey (1994), que pacientes afásicos que receberam intervenção terapêutica fonoaudiológica tiveram desempenho superior, sendo que quando esta intervenção ocorre na fase aguda o efeito é duas vezes maior comparado à recuperação espontânea. Em vista disso, é de suma importância o desenvolvimento de estratégias terapêuticas para auxiliar a realibilatação de pacientes afásicos.

O planejamento terapêutico deve ser personalizado e devem ser consideradas especificamente as manifestações de cada paciente por meio de uma avaliação detalhada que considere os diversos processamentos lingüísticos bem como as demais funções cognitivas, aspectos emocionais e de comportamento; a gravidade do comprometimento funcional relacionado; as habilidades residuais apresentadas e; se a meta é voltada à restauração e/ou compensação da função linguística, que é utilizada quando há maior gravidade do quadro e/ou após tentativa não-sucedida de recuperação. (ORTIZ, 2010)

Referências

 

ANDRADE, Cláudia Regina Furquim. Fonoaudiologia em Pediatria. 2003

BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.

BROCA, Paul. Sur La faculté Du langage articule. Paris Bulletin of Society of Anatomy, 36, 337-393. Paris. 1865 In: Centro de Documentação e Pesquisa em Filologia e Linguística. USP. São Paulo, 2009.

ORTIZ, Karin. Distúrbios neurológicos adquiridos – linguagem e cognição. Barueri: Manole, 2010

JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth; LOSSOW, Walter J. Anatomia e fisiologia humana. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.

JERUSALILINSKY, Agalma. Enquanto o futuro não vem- a psicanálise na clínica interdisciplinar com bebês. 2002

LIER-DEVITTO, Maria Francisca. Aquisição, patologia e clínica de linguagem. Educ-FAFESP, 2006.

MIRANDA, Mônica Carolina. Neuropsicologia do desenvolvimento: conceitos e abordagens, 2006.

PAGLIARIN, KC; CERON, MI; KESKE-SOARES M. Modelo de oposições múltiplas modificado: abordagem baseada em traços distintivos. Ver. Soc. Brasileira de Fonoaudiologia., vol. 14,n.3, p. 411-415.

 

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